27 de novembro de 2008

Sons.


"Era um redondo vocábulo
Uma soma agreste
Revelavam-se ondas
Em maninhos dedos
Polpas seus cabelos
Resíduos de lar,
Pelos degraus de Laura
A tinta caía
No móvel vazio,
Convocando farpas
Chamando o telefone
Matando baratas
A fúria crescia
Clamando vingança,
Nos degraus de Laura
No quarto das danças
Na rua os meninos
Brincavam e Laura
Na sala de espera
Inda o ar educa"

["Era um redondo vocábulo", Zeca Afonso na voz de Cristina Branco]

Porque não me sai da cabeça... *

16 de novembro de 2008

Coisas boas.

Já não me acontecia há bastante tempo. Talvez seja por ter que fazer, talvez seja por ter tanto a cruzar-me o pensamento, agora que as actividades da AE e os Congressos me deram uma folga.

Hoje apeteceu-me actualizar o blog. De verdade, de coração, apeteceu-me.

No fundo, acho que me apeteceu conversar. Por isso, aqui estou. Para vos falar de coisas que têm acontecido...


Por alguma razão que não compreendo muito bem, talvez porque prefiro, como hoje se dizia na Eucaristia, olhar o mundo pela positiva, hoje apetece-me falar da série de coisas boas que me têm acontecido.

Já vos falei de como foi bom sentir a chegada dos novos caloiros da FFUP, de como foi bom ver as caritas deles de esperança (porque não acho que o medo seja o que mais transparece) naquele primeiro dia. No entanto, hoje apetece-me contar que à medida que os dias foram passando, fui conhecendo melhor aqueles pequenitos que voltaram a encher a FFUP de energia e vida e puseram os nossos dia-a-dias a girar, de novo, em volta de quem está de chegada. Percebi que são miúdos com muita energia, muita força, muita garra, muita vontade de crescer e de aprender. Têm as suas virtudes e defeitos, como todos nós, mas são, na sua maioria, muito bons corações, cheios de vida. Do meio desses todos, tenho, porque tenho, que destacar cinco que me são muito especiais. Comigo, com a Carla e com a Sandra, formam uma família muito pintarola, a família dos meus afilhados.

Dizem que os padrinhos são os "pais substitutos" e eu até acho que concordo. Gosto de sentir que eles me procuram, que confiam em mim e que esperam a minha ajuda nos aspectos mais diversos da sua caminhada. Tenho muito orgulho neles e apenas espero que transformem em grandes pessoas, grandes praxistas e grandes farmacêuticos, sentindo sempre que eu continuo a merecer (assim espero...) a honra que me deram de me escolherem... Porque a verdade é que não há quem bote mais pinta que os meus afilhados, a Bentuínha, o Xixas, a Antena, a Enciclopédia-Musical e a Zyrtec (=P)... Ninguém! =)


Apetece-me ainda dizer que nesta semana louca de Congressos, me apercebi de muita coisa que a forma como vivo a minha vida me tem proporcionado de bom e que esta maneira alucinante de correr para tudo, de estar em todas e de não ter tempo suficiente para nada me permite, quando tenho tempo para alguma coisa, fazer parte de algumas coisas fenomenais. Um grande Congresso Científico da AEFFUP, com uma participação muito constante, uma maioria de pessoas interessadas, um grande apoio das Professoras da Comissão Científica e do Prof. Leuschner e, no final, uma fantástica sensação de missão cumprida, de meta atingida e de objectivos alcançados. Logo depois, um pequeno papel num grande Congresso, o 1º Encontro Nacional de Química Terapêutica, onde através de uma lente de uma câmara fui estando perto de tanta coisa fenomenal que se faz por esse país fora (e mesmo na Europa) nesta área que tanto me interessa e fascina.


Pelo meio aconteceu um Siriphonias, o sétimo, uma vez mais cheio de alegria, boa disposição e presenças muito especiais no meio da plateia, os sempre fiéis pai, mãe e mana e a surpresa da Dina, com aquele abraço tão doce, de sempre. Mais uma actuação bonita e eu sempre a sentir-me óptima, feliz e realizada junto daquele meu "baby" de quatro cordas e dois metros de altura... E, no final, quando já quase nada restava, aquele abraço apertado da Júlia, perto do coração, onde tudo o que se sente é maior do que o que se diz, mas o que importa é que eu sei e ela sabe. Perfeito.


Houve outras coisas que poderia falar, guardo o resto para outro dia... Até porque já é tarde, amanhã o dia é de trabalho e tenho que ir dormir. Ainda assim, não termino sem dizer que é viver assim, a mil à hora, com tempo para tudo e sem tempo para nada, que me faz feliz e é esta certeza que me faz, a cada dia, continuar sabendo que não sei viver de outra forma.