29 de dezembro de 2011

O meu cofre.

O ano está quase a terminar e cumpriram-se há dias 6 anos desde o dia em que decidi começar a partilhar aquilo que penso, escrevo e sinto. 2011 foi um ano de tanta, tanta coisa, que nem saberia por onde começar se vos quisesse contar tudo o que me vem à cabeça. Há um ano atrás estava quase a fazer as despedidas para seguir caminho para Londres, hoje faço caminho em Santiago de Compostela. Há um ano atrás existia no mundo uma grande quantidade de pessoas que nem sabia que eu existia e hoje, algumas delas são parte imprescindível da minha vida. Há um ano atrás terminava um ano particularmente difícil (o que não quer necessariamente dizer "mau"), hoje está às portas do fim um ano particularmente excelente. :)



Hoje ofereceram-me uma frase que resume não só o ano de 2011 mas todos estes anos (já quase 25!) que levo na bagagem. Como não podia deixar de ser, é do magnífico e inspirador Fernando Pessoa...

"Trago dentro do meu coração, como num cofre que não se pode fechar de cheio, todos os lugares onde estive, todos os portos onde cheguei."

Que 2012 seja, pelo menos, tão bom! Feliz Ano Novo para todos!

30 de novembro de 2011

Dou-me.




«Encontrei bom porto
E ancorei no cais
Deixo o medo em terra
Esqueço vendavais
Abasteço a alma
Com baús de vida...»

29 de novembro de 2011

Reflexos.

Que força é esta
Que suporta a máscara
Quando cá dentro correm rios
Para parte incerta?
Quando cá dentro há mares e marés
E rochas onde rebentam,
No silêncio solitário de uma canção,
Impetuosas ondas
De tudo o que ficou para cá das palavras…

Que força é esta
Que segura a tela e o pincel
Quando já não há tinta para pintar,
Nem esboços, nem conceitos,
Nem nada que inspire a imagem
Estampada nos dias normais?

Que força é esta
Que consegue construir no pouco
Tanto para oferecer?

Que força é esta?

[29.11.11 ~ 00:43]

23 de novembro de 2011

People.




«I guess that loneliness came knocking
No one needs to be alone, oh, singing:

People help the people
And if you're homesick,
Give me your hand and I'll hold it.
People help the people
Nothing will drag you down
Oh, and if I had a brain,
Oh, and if I had a brain,
I'd be cold as a stone and rich as the fool
That turned all those good hearts away»

12 de novembro de 2011

(um parêntesis)

Cada vez gosto mais de Lisboa. Das ruas empedradas, claras e luminosas. E das outras estreitas, "fechadas" por dois ou três andares de janelas de ferro, roupa estendida e cortinas de renda. Gosto do rio que já quase cheira a mar e da porta aberta ao mundo que é este Terreiro por onde tantos passam. Gosto das árvores da Avenida e das esplanadas da Rua Augusta. E de subir uma rua e encontrar um jardim, uma Praça que dá mesmo Alegria. Gosto de ver o Castelo, protector, e também de ver, do Castelo, esta cidade sobre o rio.

Hoje o dia está escuro e, ainda assim, gosto da luz de Lisboa e do vento que me desgrenha o cabelo, aqui sentada nesta pedra branca. É curioso como pode mudar a nossa opinião sobre uma cidade à medida que a começamos a conhecer e à medida também do nosso crescimento. Há seis, sete anos atrás, dizia a todos que não me imaginava a viver em Lisboa, que não iria gostar. Hoje, penso que não só seria perfeitamente capaz de o fazer como, muito provavelmente, gostaria muito.

Cada vez gosto mais de Lisboa.

Terreiro do Paço, Lisboa
11.11.11

20 de outubro de 2011

Uma noite para comemorar.

"Esta é uma noite pra comemorar
qualquer coisa que ainda podemos salvar do tempo
um lugar pra nós onde demorar
quando nada faz sentido
e se fica mais perdido
e se anseia pelo abraço de um amigo..."

Na terça-feira, porque há dias em que não jogo com o baralho todo, fui ao Porto e vim em menos de 12h. Possivelmente perguntar-se-ão vocês (se não me conhecerem bem): "o que é que esta gaja foi fazer ao Porto num dia normalíssimo de semana?" Pois bem, no dia 18 de Outubro de 2011, dia que ficará gravado na minha memória enquanto ela durar, eu fui ao IX Siriphonias.

Naquele dia, eu fui para ver, pela primeira vez desde a plateia, as Sirigaitas a actuar. Fui para reencontrar amigos e surpreendê-los. Fui para recordar momentos, caras, vozes, sorrisos, abraços. Fui para ver "o orgulho da Academia", o roxo e negro perfeitamente entrelaçados num amor a uma casa que não se explica. Fui para ver o Teatro Sá da Bandeira cheio com as 800 pessoas que, como eu, viveram este magnífico Festival e, assim, fui para me encher de orgulho. Fui para encher os olhos de lágrimas da saudade que tenho, ainda que me sinta tão, tão perto. Mas, acima de tudo, fui para regressar "a casa" e visitar aquela segunda família. Já alguém o disse muito melhor do que eu, mas nunca é demais dizer que isto de ser Sirigaita é um privilégio pelo qual apenas podemos estar gratas. Ter uma segunda família que nos acompanha quer estejamos longe ou perto e que nos faz sentir que temos mais um porto de abrigo onde regressar sempre que quisermos, é uma dádiva pela qual nunca terei agradecido o suficiente. Tenho a certeza que sou melhor pessoa por ser Sirigaita, mas sei que o sou por ter tanta "família" à minha volta.

A vocês, obrigada por me fazerem sentir sempre, sempre em casa. :')

11 de outubro de 2011

Se eu tivesse um barco...

... havia tanta coisa que eu faria. Sobretudo se fosse um barco destes, quase impossíveis de tão imaginados, quase irreais de tão fantasiados. Um destes que me levaria até às pessoas que não conheço, até onde a cidade encontra o céu, rumo a um Norte que me levasse a uma praia, a um porto. O que eu faria se tivesse um barco destes...



«Once I had a dream
Once I had a hope
That was yesterday
Not so long ago

This is not the end
This is just the world
Such a foolish thing
Such an honest girl»


[ E uma nota para dizer que esta é a 170ª vez que escrevo aqui... o tempo passa. Já lá vão quase 6 anos. ]

4 de outubro de 2011

17 de setembro de 2011

17.09

Há um ano que estamos... sem ti? Não. Contigo mais longe. Ainda assim, o saber que nunca mais voltarás a estar perto torna as saudades um pouco... diferentes. Faz-me falta ver-te sentado no teu sofá, na tua cadeira da mesa, no café, na missa, na rua. Faz-me falta ouvir-te fazer aquelas perguntas todas, aqueles inquéritos que tentavas que fossem discretos mas nunca eram, da mesma forma que me faz falta reclamar contigo, dizer-te "Por amor de Deus!" e ver como às vezes amuavas comigo como uma criança pequena. Faz-me falta o orgulho imenso que tinhas (e tens) em mim, o babado que sempre foste em tudo o que me dizia respeito, a tua vontade de ajudar e estar presente mesmo quando pouco podias fazer fosse pelo que fosse. 

Faz-me falta regressar a casa ao fim de algum tempo e ouvir-te dizer "tiveste saudades minhas?" Sim, avô, tenho muitas saudades tuas.

11 de setembro de 2011

Peregrina

Das mil e uma missas às quais poderia ter ido hoje aqui em Santiago, escolhi participar na Missa do Peregrino, na Catedral. Recordei, com um arrepio que me percorreu o corpo, que fez há poucos dias 5 anos que aqui cheguei pela primeira vez como peregrina. Recordei aquela sensação de realização pessoal, de felicidade, de missão cumprida, de agradecimento que nunca poderei esquecer. Recordei a segunda peregrinação, apenas há dois anos atrás, cheia das suas próprias particularidades, cheia de uma sensação ainda maior de ter ultrapassado os meus limites.

Arrepiei-me porque senti, inexplicavelmente, que serei peregrina muito mais vezes. Que farei outros caminhos, partirei de outros lugares, caminharei mais ou menos quilómetros, mas sempre, sempre, chegarei aqui com o mesmo coração preenchido. Porque também me sinto peregrina em Santiago, porque também sinto que não é por acaso que aqui estou, porque estou grata, hoje fui dizer obrigada à casa onde chegam, todos os dias, milhares de pessoas com um só objectivo: encontrar-Te. :')

10 de setembro de 2011

You make everything better

Hoje apetece-me dizer que os meus amigos nunca deixam de me surpreender. Positivamente ou nem tanto. Acho verdadeiramente extraordinário este crescimento que juntos vamos fazendo e às vezes dou por mim a observar o caminho que uma ou outra amizade percorreram. Porque há pessoas que já julgámos indispensáveis e que hoje estão confortavelmente um pouco mais distantes (não necessariamente afastadas, mas apenas mais distantes) e outras que de súbito nos apareceram e vão lado a lado connosco como se não houvesse segredos, nem descobertas, nem surpresas. Mas há sempre.
Agora que a distância física daqueles que preenchem o meu dia-a-dia se impõe à força de motivos maiores, a tecnologia permite uma aproximação que quase passa o virtual. Porque há sempre quem nos surpreenda com um gesto virtual de carinho, de preocupação, de amizade. Sou feliz porque os meus amigos caminham comigo e isso simplesmente... não tem preço. :)

9 de setembro de 2011

Deixo-me ficar.

Numa fase em que redescubro os extintos Donna Maria, deixo-vos esta, que é... "preciosa"! :)



"Aperta-me a mão
Ri por um instante
Deixo-me ficar
Só por este instante."

8 de setembro de 2011

Loja do Cidadão? Pfff...

Ai como eu adoro papeladas e burocracias... JESUS! Graças a Deus pelas "Lojas do Cidadão" em Portugal, porque pelo menos, mesmo que se passe lá uma manhã inteira para obter meia dúzia de documentos, não se tem de calcorrear as cidades inteiras para o fazer. 

Sugestão: peguem num mapa de Santiago de Compostela, visualizem a Rúa da Rosa e depois observem o caminho que fiz hoje - Rúa da Rosa até à zona da Catedral (para esperar 2h20 à porta de um posto de polícia que era o errado - alegria! xD), depois andar para a trás e para a frente entre a polícia correcta e o Ayuntamiento, depois para a Rúa de Galeras para tratar da inscrição na Segurança Social, depois para a Avenida do Cruceiro da Coruña para tratar do número de contribuinte, depois de volta a casa e por fim até à Faculdade de Farmácia, que fica no Campus Sur. Belíssimo exercício físico, UFA!

Mas tudo se compõe e avança a bom ritmo, hoje espero ainda conseguir matricular-me! :)

7 de setembro de 2011

En Santiago



E quase sem tempo para respirar, já começa a nova etapa, já se abre a porta para o novo mundo que aí vem. Desde ontem à tarde, estou em Santiago de Compostela para iniciar um desafio que me exigirá (posso imaginar e apostar =P) muito trabalho, muita dedicação e muito esforço, mas que também espero que me traga realização e alegria!

Ainda de volta das burocracias habituais para que me torne o mais idêntica possível a uma cidadã espanhola comum e também para que me torne, oficialmente, "Estudiante de Doctorado de la Universidad de Santiago de Compostela", vou tendo algum tempo para me ambientar a esta cidade que não é completamente nova, mas que se fará "casa" para os próximos 3 anos, pelo menos. É o reinício de um ciclo de adaptação a novas pessoas, novos sítios e novas rotinas que já fiz algumas vezes na minha ainda curta vida e, por isso, nada de extraordinariamente "assustador"! E, sobretudo, sabe muito bem saber que os amigos de sempre continuam "perto", pela preocupação, pelo carinho e pela disponibilidade, mesmo que a alguns km de distância. :) Tudo recomeça, um novo caminho que, como dizia alguém, se fará caminhando.

Hasta pronto! :)

6 de setembro de 2011

O Jogo.

Este "Jogo" que deu tantas dores de cabeça na preparação, que me sugou tanto tempo, tanta vida, tantas horas e dias de férias, este "Jogo" que eu previa duro e complexo, foi afinal tão simples como reunir no mesmo espaço 29 jovens quase desconhecidos, 12 animadores cansados mas flexíveis e respeitadores e contornar todas as adversidades (e foram muitas!) com um sorriso nos lábios, clássico de quem nada tem a perder e tudo tem a ganhar. 

Depois destes 6 dias, passámos por muito, vivemos imenso, crescemos também e, sobretudo, (re)unimo-nos em torno de um D.E.U.S. que nos abençoa e de um C.R.I.S.T.O. que nos conforta. Porque nada é por acaso... Porque "o acaso é a assinatura de Deus"! Foi um acampamento mágico, um grupo maravilhoso que me deixa saudades ainda antes de ir embora, que me faz querer parar o tempo por uns segundos e digerir com mais calma tudo o que vivemos...



Porque nestas coisas da fé, "não imaginas o PODER que te deixaram na palma da mão"! E basta tão pouco para se ser feliz, tão pouco! :D

3 de agosto de 2011

Someday

“Someday someone will walk into your life and make you realize why it never worked out with anyone else.”
Someday. While there's still hope. Please.

9 de julho de 2011

Escrevamos.

"Não há que ter ilusões:
nós também somos

o fim da nossa estrada.
Com estas mãos,

com este mesmo coração
é que chegamos

ao cabo do futuro,
à extrema situação

de que partimos.
Mas, entretanto,

escrevamos."

[Rui Pires Cabral]

8 de janeiro de 2011