26 de fevereiro de 2014

Roubada.

Queria dizer coisas bonitas e ser optimista e positiva e pensar que "vou ter mais uma casa onde ficar" e acreditar que tudo vai continuar igual, que a distância não muda nada, que o afastamento somos nós que o impomos ou o impedimos e todos esses clichés. Queria pensar que estou bem, que sou mais forte que isto, que não vai ser assim tão difícil, que não vou estar assim tão só. Queria acreditar, profundamente, dentro de mim, quando as pessoas me dizem que "outros aparecerão", que hei-de conhecer pessoas novas, que nada vai realmente mudar. Queria tudo isto, acreditem que sim.

Mas, por enquanto, só consigo sentir que a vida, injusta como só ela sabe ser, me está a roubar as minhas pessoas, aquelas com quem me habituei a viver, todos os dias, nos últimos dois anos e meio. Sem piedade, sem beleza, sem pena. E não, não vai ser tudo igual daqui para a frente. Porque a vida, irónica como só ela sabe ser, pôs no meu caminho pessoas que me completam e que, agora, vou ver e ouvir cada vez menos. E sim, eu sei que a separação depende de cada um de nós, mas também sei que a vida é lixada e rotineira e preenchida e, mesmo que queiramos muito, acabaremos por ter cada vez menos tempo para recordar que tudo pode continuar igual, se assim quisermos.

"Por mais que a vida nos agarre assim
Nos troque planos sem sequer pedir
Sem perguntar a que é que tem direito
Sem lhe importar o que nos faz sentir..."

[Mafalda Veiga - "Imortais"]

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