10 de março de 2015

O porquê do silêncio.

Há pessoas para quem os tempos conturbados são de muitas palavras. Há pessoas para quem, nas fases difíceis, as palavras se atropelam como se estivessem guardadas há demasiado tempo, como se estivessem só à espera do momento exacto para sair.

Eu não sou assim. Quando as coisas me custam, não sei o que dizer. Quando a motivação me falta, não sei o que escrever. Quando a luzinha ao fundo do túnel (ou serão vários túneis?) enfraquece, eu fico sem palavras ou, pelo menos, sem nada para contar. Porque os dias tristes são todos iguais, porque as batalhas que não queremos ou não podemos lutar não são como as vitórias das quais nos queremos gabar.

Mas o silêncio nem sempre é o melhor conselheiro, nem sempre traz soluções, nem sempre abre portas, nem sempre ilumina o caminho. Às vezes há que forçar as palavras, para as encontrar.

A luz é pálida mas pouco a pouco volta a acender-se. Ainda não a vejo muito, muito bem, mas sei que lá chegarei. Pelo caminho talvez tenha que rasgar algumas cortinas, saltar alguns obstáculos, levantar-me algumas vezes do chão. Mas hei-de encontrar as palavras. E a força. Não estarei sozinha.