Pela quarta vez, aqui chego com a vontade de escrever o que foi para mim mais uma Queima das Fitas. Pela primeira vez, não tenho palavras.
Esta Queima das Fitas foi... esmagadora. Demolidora, de tantos sentimentos, tantos pensamentos, tantos momentos. Deixou-me sem respirar durante alguns dias e, quando finalmente pude recuperar a lucidez, já se estava a esfumar por entre os meus dedos.
Na Serenata, mais até do que a saudade dos Amigos (com letra maiúscula) que sei que continuarão perto ainda que o seu percurso esteja no fim, emocionaram-me aqueles primeiros passos dos "meus" pequenos caloiros, dos meus pequenos amigos que pela primeira vez (pelo menos oficialmente) vestiam o traje de que tanto nos orgulhamos e que esperavam pelas pessoas especiais que haviam de lhes traçar a capa. Foram várias capas que tracei nessa noite de emoções, cheia de orgulho do percurso daqueles "pequenos", com quem partilhei ao longo do ano momentos tão especiais. E, acima de tudo, aquelas palavras que saíram do coração das 5 melhores pessoas que conheci este ano e que são para mim, aqui, verdadeira família, com momentos bons e maus e, principalmente, uma amizade do tamanho do Universo. Não o pude evitar, a noite era tão especial para mim que esqueci a promessa feita a mim própria de manter a capa inteira até à última serenata e dei-a a rasgar às 3 pessoas que, até hoje, mais marcaram este meu percurso académico. Hoje, a minha capa está mais rasgada e, por isso, mais inteira, mais completa. E eu fiz o mesmo, a outros enormíssimos amigos, deixei nas capas deles a minha marca sabendo que a maior marca é a que trazemos no coração.
"Cada pessoa que passa na nossa vida passa sozinha, e não nos deixa sós, porque deixa um pouco de si e leva um pouquinho de nós. Essa é a mais bela responsabilidade da vida e a prova de que as pessoas não se encontram por acaso." Charles Chaplin
No dia seguinte, correrias, turbilhões e uma tarde cheia de sorrisos, lágrimas e canções. A imposição de insígnias, para mim uma das actividades académicas mais bonitas de toda a Queima... As bengaladas (inesquecíveis! =P) nas cartolas dos amigos, as fitas na minha pasta (afilhados e madrinha sempre presentes... =)), o serrote e, claro, a despedida das nossas queridas Sirigaitas finalistas...
"E a Tuna, levam no vosso coração
Entre nós ficou, a recordação
De tudo o que vocês são..."
E começou a vida do Queimódromo. Sete noites, ininterruptamente, até às 4, 5, 6 ou 7 da manhã, até chegar a casa de manhãzinha e apreciar o amanhecer do Porto. As barracas, a de Farmácia (tem dias...), a sempre brutalíssima "Taska da Sapatilha" e outras, algumas outras onde me diverti sempre ao máximo... As companhias ideais e muita alegria! Até faltou a luz!!!
Depois chegaram os preparativos para o Cortejo, a construção atabalhoada do carro, que estava tão bonito na segunda-feira e que já só era metade na terça... mas enfim, outros quinhentos. =) Segunda-feira, provavelmente um dos dias mais difíceis e angustiantes de toda a Queima. Nervos à flor da pele, indignação, stress e coisas que disse e fiz sem pensar... ou antes, com o pensar do coração que doía, naquele momento. Conceitos e opiniões a serem desmoronadas, por cada palavra que chegava aos meus ouvidos, a surpresa, a atitude inacreditável, o "porquê?" a saltitar entre cada pensamento e eu a não saber o que fazer ou como agir...
O jantar das Sirigaitas, 50 e tal gajas à volta de uma mesa, tranquilizou-me parcialmente, distraiu-me e a noite no Queimódromo acalmou a angústia... E na terça-feira preparei-me para aquele que viria a ser o Cortejo mais estranho de sempre. Por um lado, a diversão de ir, nas palavras da Rita, em cima do carro a "acenar à multidão", a ver passar o Porto em cada cara, nos milhares de pessoas que nos olhavam atentamente. A família, a Dina, fotos, muitas fotos, o orgulho de ser Fitada de Farmácia. Por outro lado, a tristeza de me sentir tão longe (ainda que fisicamente perto...) daqueles quase-pastranos que acolhi no coração como "meus caloiros" e que me encheram de orgulho e de tristeza em tão pouco tempo. A angústia de os sentir desapontados comigo, com as minhas reacções. O medo... de perder tanto por tão pouco.
Ao "Obrigado por nos ensinarem a caminhar", eu respondo, hoje e sempre, "Obrigada por me ensinarem a não parar de mudar e de crescer"... Nunca esqueçam o quanto vos respeito! =')
A Queima teve pouco mais que contar. Noites, jantares divertidos, momentos partilhados, coisas que ficam comigo para sempre. O meu primeiro FITA (e provavelmente último enquanto estudante da UP) foi uma noite fantástica, com boas Tunas, bom ambiente e muito boa gente à minha volta... =) A Queima trouxe-me ainda o perdão que pedi, a paz de espírito e a certeza que não mais serei a mesma, depois desta semana.
A certeza que levo deste ano, mais até do que desta Queima, amigos que não mais desaparecerão do cantinho que lhes reservo no meu coração. Porque, como cantaram os meninos e meninas que viraram este meu ano do avesso e de quem me orgulho tanto,
"Mesmo que a vida mude os nossos sentidos
E o mundo nos leve pra longe de nós
Nunca mais estaremos perdidos
Somos mais que cem…somos um só!
Vamos guardar, cada momento
Para sempre, no pensamento
Ontem, hoje, e sempre, vamos recordar
Com quem aqui chegámos
E com quem, vamos querer, continuar…"
[Caloiros 07+1/09 ~ Pastranos'09]