28 de maio de 2013

Folha em branco.

Hoje quis sentar-me e escrever, escrever sem parar e, contudo, sinto que são sempre as mesmas, as minhas palavras. Regresso no tempo para rever o que escrevi há um ano, há dois, há cinco, há dez. Repito-me infinitamente, cansativamente. Às vezes chego a perguntar-me o que faz com que alguém ainda me leia. Ou me ouça. Porque da minha boca, como da ponta dos meus dedos, saem sempre as mesmas palavras. Sempre o mesmo para ler nas entrelinhas, sempre os mesmos sentimentos, as mesmas dores que sem sucesso tento disfarçar, as mesmas alegrias que, essas sim, serão eternas.

Hoje quis escrever tudo o que trago dentro e percebi que não há nada novo. E fiquei em branco...

20 de maio de 2013

O amor há-de vencer.

Um dia dás por ti a mostrar o teu país, a(s) tua(s) cidade(s) a alguém que nunca o viu, que em alguns casos nunca ouviu falar da sua existência, que mal o sabia colocar no mapa. Dás por ti a falar com paixão das praias, dos montes, do verde dos campos e do azul do imenso oceano  onde o teu olhar, invariavelmente, se perde. Dás por ti a falar com entusiasmo do que conquistámos, por esse mundo fora, por sermos mais corajosos, mais aventureiros, quiçá mais inconscientes do que todos os outros. Dás por ti a falar, com um brilho nos olhos, das palavras que tantos escreveram na nossa língua, dos acordes que soaram, das vozes que levaram mais longe este nome com 870 anos de História. Dás por ti a falar, com amor, de Portugal.

É aí que te dás conta que um dia, esse amor há-de vencer as crises, os mercados, as bancas, os défices, as dívidas, as dificuldades. Que um dia esse amor há-de fazer nascer o sol que rasga qualquer escuridão, aquela que vive na alma de tantos, que como tu, nasceram dentro destas fronteiras.  Que um dia esse amor há-de libertar a alma dos que sonham com um dia melhor. E que um dia, quando se ouvir esse cântico final, se cumprirá o amor a Portugal.

Esse amor que nos levará, cada dia, mais longe, enquanto nos traz de volta a casa, sempre. Porque sem esse amor que nos dá asas para voar, raízes para voltar e motivos para ficar... seria menos eu.

6 de maio de 2013

Regra número um.

Sete anos depois da minha primeira Queima das Fitas, parti este sábado para o Porto com um aperto no peito que não conseguia descrever. Parecia ansiedade, saudade antecipada, mas era também orgulho e admiração e felicidade. Dentro do meu peito havia um nó tão grande de emoções que podia já antecipar as muitas lágrimas que haviam de aliviar essa pressão e exprimir o que nem sempre as palavras conseguem.

Queria ver-vos, abraçar-vos, guardar-vos no meu abraço só mais uns minutos, enquanto o tempo e a vida não vos levarem para longe, para onde os vossos sonhos quiserem ir. Queria dizer-vos, uma vez mais, o quanto agradeço, dia após dia, que nos tenhamos cruzado naquela casa que nos fez adultos, homens e mulheres, pessoas maiores, em tantos e tão diversos sentidos. Queria dizer-vos que fui muito feliz convosco, mesmo nas dificuldades e nas pequenas divergências, que fui muito mais feliz convosco do que alguma vez poderia esperar. Queria dizer-vos que estou onde me quiserem, sempre, ao vosso lado, à vossa disposição, ao vosso serviço.

E, uma vez mais, tudo aconteceu de repente, o tempo voou e aquelas pouco mais de 24 horas em que estive no Porto passaram a correr, entre abraços, sorrisos e muitas, muitas lágrimas. Lágrimas de orgulho e felicidade, de alguma nostalgia, também. Mas sobretudo, lágrimas de alegria, de sensação de missão cumprida, de fecho de um ciclo, de conclusão, em glória, de um caminho. Vi-vos adultos, homens e mulheres, pessoas maiores e vi como conseguiram apreciar esse momento. Como o mereceram. Como o viveram. E essa intensidade, esse brilho nos olhos, esse sabor a pouco, a tempo que não volta, a efémero, a algo tão profundo como feliz... inconfundível. Esse olhar que é mistura de alegria e saudade, que é dor de deixar para trás algo tão profundamente bom e alegria de concluir mais uma etapa... é inesquecivelmente familiar.

Voltei com o coração a transbordar de um amor que nunca poderei explicar. De uma sensação de ter contribuído com o meu pequeno grão de areia para esse castelo gigante que vocês construíram. E que é vosso, completamente vosso, mesmo que dois ou três grãos de areia vos tenham sido dados por outros como eu. Porque vocês quiseram acolhê-los, entendê-los e usá-los da melhor maneira.

Aos caloiros exemplares de 2007+1, aos finalistas exemplares de 2013... obrigada.

"Mesmo que a vida mude os nossos sentidos
E o mundo nos leve pra longe de nós
Nunca mais estaremos perdidos..."

Somos UM só.