É um sentimento visceral, como se um pequeno monstrinho se instalasse no peito e, com mil braços, fosse apertando a pouco e pouco o coração. Às vezes desaperta, deixa respirar durante muito tempo e, de repente, algo o faz voltar à sua missão. É um sentimento que vem de dentro, do mais profundo do organismo e cresce, cresce até ocupar um espaço que parecia não existir. Às vezes é tão imperceptível, na corrida do dia-a-dia, na azáfama da rotina, que quase parece não estar lá. Mas de repente há um gesto, uma imagem, uma expressão, uma memória. E tudo volta, uma avalanche, uma derrocada, de uma vez só.
Este sentimento ocupa tanto espaço que às vezes desvia a atenção de tudo o resto. Como se nada mais pudesse coexistir no mesmo tempo, no mesmo lugar. Mas não é verdade. Este sentimento existe apenas para nos lembrar que em algum lugar, com alguma pessoa, em algum momento, fomos incrivelmente felizes.
É a saudade, a palavra sem tradução, o sentimento visceral, a "nossa alma dizendo para onde quer voltar".
Damn you, London, damn you...