Estou cansada de ser optimista. Não pelo facto de o ser, evidentemente, porque é um traço de personalidade ao qual dificilmente posso fugir, essa inexplicável capacidade de ver sempre um ténue brilho ao fundo do túnel, essa habilidade para nunca me deixar afundar completamente. E não é mérito, não! É talvez inato, talvez fruto da educação que tive o privilégio de ter, talvez um pouco fruto da fé que alimento, também.
Mas enfim, estou cansada. Porque ser optimista é duro, porque levantar-se do chão nunca é fácil, mas tudo é tão pior quando à nossa volta as pessoas apreciam manter-se no chão, ver sempre o lado negro de tudo, resmungar, remoer, pôr sobre si próprias um pesado fardo que as impede até de simplesmente erguer a cabeça. Estou farta de ser a que vê as coisas mais bonitas do que realmente são, estou cansada de me alegrar com as coisas pequenas, já não suporto que me recordem que os males do mundo são tantos e tão grandes que tudo o resto se torna absolutamente insignificante.
Povo do mundo: deixem-me (ou deixem-nos, quero acreditar que há mais como eu por aí fora...) ser optimista, positiva, alegre, feliz. Deixem-me acreditar que o mundo às vezes é cor-de-rosa e bonito, porque há nele coisas boas e pessoas bonitas, mesmo que a austeridade nos corte as asas, a crise nos corte os sonhos e a fome, a guerra e a violência nos cortem a esperança. Por favor!
«And it's hard to dance
with a devil on your back
so shake him off!»