6 de maio de 2013

Regra número um.

Sete anos depois da minha primeira Queima das Fitas, parti este sábado para o Porto com um aperto no peito que não conseguia descrever. Parecia ansiedade, saudade antecipada, mas era também orgulho e admiração e felicidade. Dentro do meu peito havia um nó tão grande de emoções que podia já antecipar as muitas lágrimas que haviam de aliviar essa pressão e exprimir o que nem sempre as palavras conseguem.

Queria ver-vos, abraçar-vos, guardar-vos no meu abraço só mais uns minutos, enquanto o tempo e a vida não vos levarem para longe, para onde os vossos sonhos quiserem ir. Queria dizer-vos, uma vez mais, o quanto agradeço, dia após dia, que nos tenhamos cruzado naquela casa que nos fez adultos, homens e mulheres, pessoas maiores, em tantos e tão diversos sentidos. Queria dizer-vos que fui muito feliz convosco, mesmo nas dificuldades e nas pequenas divergências, que fui muito mais feliz convosco do que alguma vez poderia esperar. Queria dizer-vos que estou onde me quiserem, sempre, ao vosso lado, à vossa disposição, ao vosso serviço.

E, uma vez mais, tudo aconteceu de repente, o tempo voou e aquelas pouco mais de 24 horas em que estive no Porto passaram a correr, entre abraços, sorrisos e muitas, muitas lágrimas. Lágrimas de orgulho e felicidade, de alguma nostalgia, também. Mas sobretudo, lágrimas de alegria, de sensação de missão cumprida, de fecho de um ciclo, de conclusão, em glória, de um caminho. Vi-vos adultos, homens e mulheres, pessoas maiores e vi como conseguiram apreciar esse momento. Como o mereceram. Como o viveram. E essa intensidade, esse brilho nos olhos, esse sabor a pouco, a tempo que não volta, a efémero, a algo tão profundo como feliz... inconfundível. Esse olhar que é mistura de alegria e saudade, que é dor de deixar para trás algo tão profundamente bom e alegria de concluir mais uma etapa... é inesquecivelmente familiar.

Voltei com o coração a transbordar de um amor que nunca poderei explicar. De uma sensação de ter contribuído com o meu pequeno grão de areia para esse castelo gigante que vocês construíram. E que é vosso, completamente vosso, mesmo que dois ou três grãos de areia vos tenham sido dados por outros como eu. Porque vocês quiseram acolhê-los, entendê-los e usá-los da melhor maneira.

Aos caloiros exemplares de 2007+1, aos finalistas exemplares de 2013... obrigada.

"Mesmo que a vida mude os nossos sentidos
E o mundo nos leve pra longe de nós
Nunca mais estaremos perdidos..."

Somos UM só.

25 de abril de 2013

Como bola colorida...

Cumprem-se hoje 39 anos sobre um dia que não vivi, mas que sempre me contaram como histórico, como memorável, como inesquecível. 39 anos depois, talvez às vezes nos seja difícil  reconhecer tudo o que este 25 de Abril de há tantos anos nos trouxe. Talvez seja difícil reconhecermo-nos livres. E, por isso, importa lembrar, celebrar, marcar, viver este dia como se tivesse passado apenas uma semana, um mês, um ano. Viva o 25 de Abril! Viva a liberdade!

Viva este dia que amo, sem o ter vivido, como se ama a liberdade, como se ama o mais profundo que há em nós, que nunca poderemos dar como garantido!

"Eles não sabem que o sonho
É tela, é cor, é pincel
(...)
Mapa do mundo distante
Rosa dos ventos, infante
Caravela quinhentista
Que é cabo da boa-esperança"

10 de abril de 2013

Um ano, sete meses e três dias.

Hoje este texto fez-me pensar. Há pequenas coisas com as quais não concordo, mas sem dúvida é impossível não me rever nesta descrição simples, emocional e verdadeira do que se sente quando se está "fora". A eterna sensação de nunca estar completamente "dentro", em nenhuma das "casas". Às vezes sabe a privilégio, outras vezes sabe a divisão. De tudo, principalmente de sentimentos.

"Há um medo palpável em viver noutro país e ainda que seja mais agudo nos primeiros meses ou até no primeiro ano da tua estadia, este medo nunca desaparece completamente à medida que o tempo passa. Simplesmente muda. A ansiedade que estava antes concentrada em como irias fazer amigos novos, adaptar-te e dominar as particularidades do idioma transformou-se na pergunta repetida: "O que é que eu estou a perder?" À medida que te instalas na tua nova vida e no teu novo país, à medida que o tempo passa e se torna menos uma questão de há quanto tempo estás aqui e mais uma questão de há quanto tempo foste embora, apercebes-te que a vida em "casa" continuou sem ti. As pessoas cresceram, mudaram de casa, casaram, tornaram-se pessoas completamente diferentes - e tu também." (tradução livre daqui: "What happens when you live abroad", de Chelsea Fagan)