21 de novembro de 2013

Shake it out!

Estou cansada de ser optimista. Não pelo facto de o ser, evidentemente, porque é um traço de personalidade ao qual dificilmente posso fugir, essa inexplicável capacidade de ver sempre um ténue brilho ao fundo do túnel, essa habilidade para nunca me deixar afundar completamente. E não é mérito, não! É talvez inato, talvez fruto da educação que tive o privilégio de ter, talvez um pouco fruto da fé que alimento, também.

Mas enfim, estou cansada. Porque ser optimista é duro, porque levantar-se do chão nunca é fácil, mas tudo é tão pior quando à nossa volta as pessoas apreciam manter-se no chão, ver sempre o lado negro de tudo, resmungar, remoer, pôr sobre si próprias um pesado fardo que as impede até de simplesmente erguer a cabeça. Estou farta de ser a que vê as coisas mais bonitas do que realmente são, estou cansada de me alegrar com as coisas pequenas, já não suporto que me recordem que os males do mundo são tantos e tão grandes que tudo o resto se torna absolutamente insignificante.

Povo do mundo: deixem-me (ou deixem-nos, quero acreditar que há mais como eu por aí fora...) ser optimista, positiva, alegre, feliz. Deixem-me acreditar que o mundo às vezes é cor-de-rosa e bonito, porque há nele coisas boas e pessoas bonitas, mesmo que a austeridade nos corte as asas, a crise nos corte os sonhos e a fome, a guerra e a violência nos cortem a esperança. Por favor!

«And it's hard to dance
with a devil on your back
so shake him off!»

12 de outubro de 2013

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Ficou-me na retina um olhar, no ouvido uma frase: «Acreditas realmente que um dia, no teu leito de morte, vais pensar "Ah, óptimo, ninguém soube que eu era amável!"?»

Porquê envergonhar-nos de ser bons? Porquê o esforço de deixar uma imagem distante, fria, insensível até? Porque não dar-nos completamente, ainda que doa, ainda que custe, ainda que seja difícil? Afinal, como também ouvi hoje, "a vergonha é um sentimento desperdiçado". No fim, ninguém vai saber os nossos segredos, por isso, para quê guardar para nós mesmos o que é bom?

Porque tudo acaba. Às vezes cedo demais. E, aí, como mediremos as nossas vidas? "Em dias, em pores-do-sol? Em noites, em cafés? Em polegadas, em milhas? Em risos, em conflitos?"

"Que tal em AMOR?"


(de vez em quando, vale a pena pensar nisto. porque há sempre algo maior, mais importante do que as minhoquices do dia-a-dia.)

17 de setembro de 2013

17 x 3

Desde aquele ano, salta-me o coração quando o telefone toca a horas inesperadas e quando tenho mais de três chamadas perdidas da mesma pessoa. Desde aquele ano, o dia 17 de Setembro nunca mais foi o mesmo. E não gosto. Não gosto de recordar um dia aleatório só porque é o dia em que deixei de poder ouvir-te dizer "a minha Sarinha". Prefiro lembrar-me do 18 de Janeiro e do 10 de Setembro e não conjugar os verbos no passado para falar de ti. Mas já passaram 3 anos e não consigo escrever "17 de Setembro de 2013" sem ter de fazer um esforço por relembrar a tua voz. 

Contar-te-ia tantas histórias e alegrias, sei que te orgulharias tanto de mim... Mesmo quando não sou capaz, porque para ti eu era sempre "a maior". Espero que possas ver-nos aos 5, a tua segunda geração, e vejas como estamos a crescer (eu menos, que já tenho pouco para crescer...). Espero que te orgulhes de nós. Fazes-me falta, avô.