29 de outubro de 2014

Transparente (II)

Leo tus ojos como páginas abiertas
de un libro que vas escribiendo a diario.
Son mil y una batallas, luchas desiguales,
conquistas dulces, caídas sin gloria,
mil y una aventuras entrelazadas en ti.

Transparente como água cristalina,
frágil en cada paso del camino,
abres mil ventanas a cada puerta cerrada
y encuentras en ti la fuerza del viento,
que siempre descubre por donde seguir.

Somos palabras sueltas, volando por ahí,
peleando por aterrizar en cualquier lugar
donde nos esperen de brazos abiertos, sin prisa.
Me faltas en la convocatoria de hoy,
te encuentro donde siempre has estado

porque sólo lo que empieza sin motivo
puede ser eterno, permanente, transparente.

[29.10.14]

23 de setembro de 2014

Esquecimento.

Passaram quatro anos e, pela primeira vez, esqueci-me. Passou o dia 17 de Setembro e só hoje me lembrei que passou. Foi um dia como os outros, não me lembrei de nada de especial, não houve nenhum momento de "iluminação" repentina, nada. Só hoje me lembrei. Pela primeira vez em quatro anos, esqueci-me do significado que o dia 17 de Setembro passou a ter a partir de 2010. E foi estranho.

De repente, fiquei chocada com o meu próprio esquecimento. Chocada por não me ter lembrado, chocada por terem passado 6 dias sem que me viesse à ideia, chocada por nada nem ninguém à minha volta mo ter recordado. Fiquei assustada de repente, como se a memória me estivesse a trair, como se a rotina me estivesse a fazer esquecer do que é importante, como se me estivesse a esquecer da pessoa e não da data.

E depois percebi que era tudo uma grande parvoíce. Ainda bem que me estou a esquecer. Ainda bem que o dia 17 de Setembro começa a passar despercebido. Ainda bem que o dia em que (nos) morreste não te traz à minha memória, porque é sempre uma lembrança triste. Continuarei sempre a preferir o 18 de Janeiro, Avô. Esse será sempre o teu dia, o da tua vida. Só esse e mais nenhum.

18 de setembro de 2014

Em branco.

Passaram dois meses sem palavras, sem maneira nem vontade de dizer o que por dentro é tanto. Não sei se é apenas por estar cansada de outras palavras, mais formais e profissionais, mas hoje tive pena d'O Abrigo, aqui tão abandonado. E teria tanto para dizer destes últimos meses. Tantas alegrias e tantas dores, tantos sorrisos e tantos palavrões guardados cá dentro, tanto cimo-de-montanha e tanto fundo-de-poço. Tanta montanha russa, meu Deus. Mas já não faz sentido, não agora. Talvez, um dia, voltem as palavras. Quem sabe...