10 de março de 2015

O porquê do silêncio.

Há pessoas para quem os tempos conturbados são de muitas palavras. Há pessoas para quem, nas fases difíceis, as palavras se atropelam como se estivessem guardadas há demasiado tempo, como se estivessem só à espera do momento exacto para sair.

Eu não sou assim. Quando as coisas me custam, não sei o que dizer. Quando a motivação me falta, não sei o que escrever. Quando a luzinha ao fundo do túnel (ou serão vários túneis?) enfraquece, eu fico sem palavras ou, pelo menos, sem nada para contar. Porque os dias tristes são todos iguais, porque as batalhas que não queremos ou não podemos lutar não são como as vitórias das quais nos queremos gabar.

Mas o silêncio nem sempre é o melhor conselheiro, nem sempre traz soluções, nem sempre abre portas, nem sempre ilumina o caminho. Às vezes há que forçar as palavras, para as encontrar.

A luz é pálida mas pouco a pouco volta a acender-se. Ainda não a vejo muito, muito bem, mas sei que lá chegarei. Pelo caminho talvez tenha que rasgar algumas cortinas, saltar alguns obstáculos, levantar-me algumas vezes do chão. Mas hei-de encontrar as palavras. E a força. Não estarei sozinha.

13 de fevereiro de 2015

Tempo.

Nem sempre há motivos para romper o silêncio. Nem sempre há algo para dizer. Nem sempre há palavras que nos pressionem tanto a alma que não as possamos conter.

Mas às vezes, em dias como hoje, procuro as palavras e não as encontro. Encontrei a Mariza e não há mais nada que eu queira realmente dizer, hoje.

"Eu sei
Que a vida tem pressa
Que tudo aconteça
Sem que a gente peça
Eu sei

Eu sei
Que o tempo não pára
O tempo é coisa rara
E a gente só repara
Quando ele já passou

Não sei se andei depressa demais
Mas sei, que algum sorriso eu perdi
Vou pedir ao tempo que me dê mais tempo
Para olhar para ti
De agora em diante, não serei distante
Eu vou estar aqui"

7 de janeiro de 2015

There is another sky.

Comecemos 2015 com poesia n'O Abrigo. Encontrei-me no outro dia com este poema de Emily Dickinson (dizia um desses testes "parvos" da internet que era "o meu poema") e como gostei, aqui fica, como inspiração para este novo ano, como porta aberta para outro céu e outra luz a iluminar um novo jardim, cheio de oportunidades. É um novo ano, façamo-nos novas pessoas! :)

"There is another sky,
Ever serene and fair,
And there is another sunshine,
Though it be darkness there;
Never mind faded forests, Austin,
Never mind silent fields -
Here is a little forest,
Whose leaf is ever green;
Here is a brighter garden,
Where not a frost has been;
In its unfading flowers
I hear the bright bee hum:
Prithee, my brother,
Into my garden come!"

Emily Dickinson