Fomos Nova Iorque, 11 de Setembro, estarrecidos.
Fomos Madrid, 11 de Março, confusos e surpreendidos.
Fomos Londres, Oslo, Boston, Paris, Ancara e Bruxelas.
Fomos Charlie porque nos tocava,
Aylan porque nos chocava.
Mas esquecemos.
Todos os dias nos esquecemos de ser paz, abraço, abrigo, amor.
Combatemos a guerra de armas nas mãos,
sem nos darmos conta que a estamos a alimentar.
Combatemos o medo de insultos na boca,
sem nos darmos conta que o estamos a semear.
Há tanto ruído que já não ouvimos,
já não nos escutamos.
Quando é que falar se fez mais importante do que ouvir?
Quando é que fugir, esconder, proteger,
se tornaram mais importantes do que estar, olhar, arriscar, SENTIR?
Fomos tudo sem ser nada.
Fomos tudo o que o mundo quis ouvir,
nada do que um dia,
ao olhar para trás,
gostaríamos de ter sido.
Porque no meio do barulho,
das vozes,
dos insultos,
das armas,
do medo,
no meio do medo tem que poder continuar a florescer o amor.
No meio de nós,
no meio do nosso medo de sucumbir,
têm de persistir uns braços abertos,
entregues,
confiantes,
ousados,
diferentes.
Se continuarmos a virar nas mesmas esquinas,
nunca mudaremos o nosso destino.
[12.4.2016]
22 de julho de 2016
13 de abril de 2016
Nosotros
La poesía es una casa abierta al mar,
amplia, luminosa y llena de oportunidades,
llena de paredes en blanco donde vaciarnos.
La poesía es la mirada sobre el mar,
que nos inspira y nos baña en sal,
capaz de conservarnos hasta la última sonrisa.
La poesía es la búsqueda eterna
por otros habitantes para esa casa,
dejando anúncios en verso para quien quiera leerlos.
La poesía es una niña que brilla como el sol
aunque prefiera esconderse en la sombra,
es el color vivo de tu sonrisa,
la simplicidad del acto de barrer,
y limpiarnos de presunciones.
La poesía es una llama encendida de repente,
una voz levantada del silencio,
un cuerpo tumbado en el suelo,
una carcajada liberada de lo más fondo de mi.
La poesía es el fuego de todos los cañones
en el revólver de nuestras almas
y saber que, noche tras noche,
entre amigos, versos y abrazos,
reímos en silencio
para no espantar la felicidad.
[12.4.16]
amplia, luminosa y llena de oportunidades,
llena de paredes en blanco donde vaciarnos.
La poesía es la mirada sobre el mar,
que nos inspira y nos baña en sal,
capaz de conservarnos hasta la última sonrisa.
La poesía es la búsqueda eterna
por otros habitantes para esa casa,
dejando anúncios en verso para quien quiera leerlos.
La poesía es una niña que brilla como el sol
aunque prefiera esconderse en la sombra,
es el color vivo de tu sonrisa,
la simplicidad del acto de barrer,
y limpiarnos de presunciones.
La poesía es una llama encendida de repente,
una voz levantada del silencio,
un cuerpo tumbado en el suelo,
una carcajada liberada de lo más fondo de mi.
La poesía es el fuego de todos los cañones
en el revólver de nuestras almas
y saber que, noche tras noche,
entre amigos, versos y abrazos,
reímos en silencio
para no espantar la felicidad.
[12.4.16]
4 de março de 2016
Crónica de uma vitória (não) anunciada.
Sempre fui uma miúda gordita. Às vezes gorda, às vezes gorduchinha, às vezes (cuidadosamente) "forte" (para evitar possíveis constrangimentos). Nasci gordinha, aprendi mais tarde que aos bebés como eu nos chamam "macrossómicos" (coisa fina, isto de ter categoria especial logo à nascença!). Cresci gordinha e o cuidado dos meus pais, guiados pela sábia mão de uma grande nutricionista, corrigiu o problema hoje tão em voga - a obesidade infantil. Não me lembro de fazer dieta quando era pequena, mas de todas as histórias que já me contaram, acabo por ter imagens desse tempo na minha cabeça. Também por isso, não me lembro se foi um sacrifício muito grande ou não, não recordo sofrer com esse assunto - e isso é a melhor parte. No entanto, recordo ter lutado com o meu peso durante todos estes quase 29 anos. Às vezes pela mão dos meus pais e da nutricionista, às vezes confrontada com o "corpo inadequado" para a ginástica rítmica (desporto que ainda hoje adoro e admiro, quase 15 anos depois de ter deixado de o praticar), às vezes consciente dos perigos da obesidade, às vezes conformada com o meu "ser gordinha" e de cabeça erguida porque "sou como sou e não como me vêem". Fazia desporto, era saudável, não comia muitas "porcarias" - comia muito. Muito de tudo, muito das coisas que mais gostava, muito de todos os nutrientes, muita comidinha mesmo.
Então fui para a Faculdade e o ponteiro da balança deu um salto de 10 kg. Tinha deixado de fazer desporto, de ter horários, de almoçar e jantar em casa todos os dias. Tinha começado a viver a vida académica ao máximo e isso implicava nem sempre ter tempo para jantar entre as aulas e a reunião da AE ou o ensaio das Sirigaitas e por isso comer qualquer coisa no bar mais próximo. Jantaradas, reuniões de amigos, ensaios, festivais, zero cuidados e muita "boa vida". Só consegui recuperar (pouco) no último ano, com os horários do estágio que me permitiam voltar ao ginásio regularmente. Pelo meio tentei fazer desporto, tentei a ajuda de outra excelente nutricionista, mas o problema não eram as ajudas, o problema era eu e a minha pouca força de vontade. E este problema continuou a agravar-se em Londres e em Santiago, com tentativas falhadas de perder peso, com compromissos (muito) irregulares com o ginásio, com a vida social que sentia que estava a perder de cada vez que me comprometia a cuidar do meu peso. Enfim, a mesma luta de sempre. E a mesma desculpa de sempre - a minha vida não me permite fazer dieta, enquanto não acabar esta tese não vou conseguir perder peso.
Em Agosto de 2015 decidi (confesso que com pouca fé em mim mesma) tentar outra vez. Com a ajuda de outra grande nutricionista, com um enorme desafio pela frente, com vontade mas com medo de falhar, outra vez. Não foi por saúde, talvez nem por estética, foi mesmo por prevenção. Pensei que a recta final do doutoramento era a pior época possível para começar uma dieta, mas enganei-me. Uma vez mais, o problema era apenas a minha determinação. E essa, felizmente, desta vez não me faltou. Comecei a pôr em prática o plano alimentar e veio logo uma série de "asneiras": uma visita de um grande amigo a Santiago, um fim-de-semana em Madrid, outro nas Astúrias, outra visita em Santiago, enfim... Mas durante a semana era rigorosa. Voltei ao ginásio comprometida com as (fantásticas) aulas de jump e fui andando, tentando, persistindo. Afinal, não era assim tão difícil, não custava assim tanto, não me sentia nada culpada quando "deslizava" e por isso não o fazia assim tantas vezes.
Ontem (excepcionalmente, porque prefiro fazê-lo apenas quando vou à consulta), subi a uma balança. Era daquelas antigas, analógicas, talvez por isso me senti mais confiante - parece que a probabilidade de erro é menor nesse tipo de balança. O ponteiro marcou um valor que era o mais baixo que recordo nos últimos 10 anos. Em 6 meses, livrei-me de aproximadamente 14 kg (quase 3 garrafões de 5L de água, como diz a Dra. Luciana!) e sinto-me óptima. Este caminho ainda não acabou e a luta em si creio que durará toda a vida, mas pela primeira vez em muito tempo, vou eu à frente. E confio que vou ganhar.
Então fui para a Faculdade e o ponteiro da balança deu um salto de 10 kg. Tinha deixado de fazer desporto, de ter horários, de almoçar e jantar em casa todos os dias. Tinha começado a viver a vida académica ao máximo e isso implicava nem sempre ter tempo para jantar entre as aulas e a reunião da AE ou o ensaio das Sirigaitas e por isso comer qualquer coisa no bar mais próximo. Jantaradas, reuniões de amigos, ensaios, festivais, zero cuidados e muita "boa vida". Só consegui recuperar (pouco) no último ano, com os horários do estágio que me permitiam voltar ao ginásio regularmente. Pelo meio tentei fazer desporto, tentei a ajuda de outra excelente nutricionista, mas o problema não eram as ajudas, o problema era eu e a minha pouca força de vontade. E este problema continuou a agravar-se em Londres e em Santiago, com tentativas falhadas de perder peso, com compromissos (muito) irregulares com o ginásio, com a vida social que sentia que estava a perder de cada vez que me comprometia a cuidar do meu peso. Enfim, a mesma luta de sempre. E a mesma desculpa de sempre - a minha vida não me permite fazer dieta, enquanto não acabar esta tese não vou conseguir perder peso.
Em Agosto de 2015 decidi (confesso que com pouca fé em mim mesma) tentar outra vez. Com a ajuda de outra grande nutricionista, com um enorme desafio pela frente, com vontade mas com medo de falhar, outra vez. Não foi por saúde, talvez nem por estética, foi mesmo por prevenção. Pensei que a recta final do doutoramento era a pior época possível para começar uma dieta, mas enganei-me. Uma vez mais, o problema era apenas a minha determinação. E essa, felizmente, desta vez não me faltou. Comecei a pôr em prática o plano alimentar e veio logo uma série de "asneiras": uma visita de um grande amigo a Santiago, um fim-de-semana em Madrid, outro nas Astúrias, outra visita em Santiago, enfim... Mas durante a semana era rigorosa. Voltei ao ginásio comprometida com as (fantásticas) aulas de jump e fui andando, tentando, persistindo. Afinal, não era assim tão difícil, não custava assim tanto, não me sentia nada culpada quando "deslizava" e por isso não o fazia assim tantas vezes.
Ontem (excepcionalmente, porque prefiro fazê-lo apenas quando vou à consulta), subi a uma balança. Era daquelas antigas, analógicas, talvez por isso me senti mais confiante - parece que a probabilidade de erro é menor nesse tipo de balança. O ponteiro marcou um valor que era o mais baixo que recordo nos últimos 10 anos. Em 6 meses, livrei-me de aproximadamente 14 kg (quase 3 garrafões de 5L de água, como diz a Dra. Luciana!) e sinto-me óptima. Este caminho ainda não acabou e a luta em si creio que durará toda a vida, mas pela primeira vez em muito tempo, vou eu à frente. E confio que vou ganhar.
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