A propósito desta notícia, ao ler alguns comentários (que expressam apenas opiniões que já conhecia e sabia difundidas), dei por mim a meditar sobre a liberdade de expressão. Não deveríamos apenas poder expressar-nos sempre e quando o que manifestássemos não fosse uma ofensa para outros? Ou insultar também faz parte da "liberdade de expressão"? Quer dizer, podemos e devemos ter opinião sobre o que se passa à nossa volta (eu própria também tenho e não me coíbo de a expressar), mas devemos ter liberdade para abertamente dizer "cobras e lagartos" das opções que outras pessoas tomam? Lembro-me, desde sempre, de me dizerem que "a minha liberdade termina onde começa a liberdade do outro"...
Por isso, caros anti-praxe(s) e demais pessoas que acham que a Praxe é "uma coisa imbecil" (sic) e que, por consequência, somos "imbecis" os que a "apreciamos"... lamento informar-vos, mas não têm a menor ideia do que é a Praxe. Porque a Praxe não é humilhação, nem agressão, nem qualquer tipo de violência, nem abuso, nem ofensa. Para isso, meus caros, a língua inglesa tem uma palavra que agora até está na moda (além de todas estas que já referi): bullying. E não é menos "bullying" por acontecer no Ensino Superior. Ainda que alguns lhe tentem chamar "praxe", isso não é a Praxe. Digo-vos eu, que fui praxada numa Casa onde a Praxe é feita como deve ser. Não é perfeita, não! Porque é levada a cabo por seres humanos que estão longe de ser perfeitos (eu incluída, claro!). Mas é um espelho do respeito, da dignidade e do sentimento de pertença que a Praxe em geral pretende incutir. E, sempre que assim não for, por favor, façam a única coisa que tem de ser feita (em qualquer caso de ofensa/violência/abuso/bullying): defendam-se. Ou seja, protestem, queixem-se, armem o escândalo, façam peixeirada, chamem a Polícia, chamem a TVI, escrevam ao Ministro! Mas falem! E, sobretudo, chamem "os bois pelos nomes" e, por favor, não chamem ao que "sofreram", Praxe. Mesmo que os energúmenos que sejam responsáveis por essas situações tentem dizer-vos que "é a praxe, é normal, é sempre assim". Porque não é! Nem muito menos tem de ser...
Cumprir-se-ão em Setembro sete anos desde que pisei pela primeira vez a Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto e a sua respectiva Praxe. Cumprir-se-ão em Outubro dois anos desde que saí da Faculdade.... porque da Praxe, dessa nunca sairei. Pelo menos no coração. Como já dizia a minha mãe, em cinco anos tirei dois cursos: um em Ciências Farmacêuticas e outro em Praxe... Mas eu prefiro dizer: em Espírito Académico e Amor por Farmácia.
2 comentários:
Aqueles que "não têm a menor ideia do que é a Praxe" gostavam de ver neste artigo a justificação do que é a praxe.
Se a praxe "não é humilhação, nem agressão, nem qualquer tipo de violência, nem abuso, nem ofensa", porque é que na maioria das praxes existem essas acções?
Como é que uma praxe em que admites que há pequenos erros ("Não é perfeita, não!") pode ser "um espelho do respeito, da dignidade e do sentimento de pertença"?
Em primeiro lugar, lamento que não te tenhas identificado neste comentário, penso que é coerente em temas onde as pessoas têm opiniões tão marcadas que assumam as suas opiniões, tal como eu não tenho medo nem vergonha de assumir que sou a favor da Praxe.
Quanto ao que é a Praxe, posso indicar-te uma série de fontes bibliográficas que poderão explicar a origem histórica e o significado da Praxe, mas acho que não é necessário, essa informação está hoje ao alcance de todos e não perderei tempo com isso.
Este artigo, como penso que está bastante claro, prende-se com o facto de haver uma opinião bastante generalizada de que, pelo facto de em determinados sítios as pessoas chamarem praxe ao que é realmente abuso, violência e "bullying", a Praxe é assim em todos os sítios. O que quis expressar é que toda a gente tem direito a ser "anti-praxe", como é evidente. Mas que isso não implica insultar quem é a favor da Praxe, como se fossemos todos uns energúmenos adeptos da violência. Porque eu sou completamente anti-violência e sou a favor da Praxe. Porque, na Faculdade onde fui praxada e onde praxei, me ensinaram que a Praxe não tem nada a ver com abuso nem com violência, mas com integração e união. Nunca me senti agredida, física, verbal ou moralmente e nunca ouvi uma queixa. Fazer "bullying" para que as pessoas sejam "anti-praxe" à base de mentiras infundadas (sim, porque os casos que saem nos jornais não representam, nem de perto nem de longe, "a maioria"!!!) não me parece menos "condenável" do que fazer "bullying" verbal/moral e chamar-lhe praxe.
Espero ter esclarecido as dúvidas do meu caro leitor anónimo.
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