Cresci num tempo em que se banalizou a palavra amor. Dizia-se "amor" por tudo e por nada, a uma quantidade razoável de pessoas nas nossas vidas. Os mais velhos olhavam-nos como se aquela simples palavra, usada como substantivo ou como verbo, conjugada nas mais variadas pessoas, fosse um tesouro precioso, um vinho "reserva" que só se bebe nos "dias especiais" (sim, essas garrafas que todos acabamos por herdar de pais e avós que nunca consideraram um dia suficientemente especial para esse vinho). Olhavam-nos como se estivéssemos a desperdiçar amor, a gastar a palavra e o sentimento, a esgotar uma fonte invisível.
Eu, no entanto, que nem era tão habitual no uso da palavra, sempre pensei como era egoísta essa histórica e tradicional contenção do amor. Se nesse momento da nossa vida, nessa circunstância particular, é amor o que sentimos pela(s) pessoa(s) que temos à nossa frente, porque haveríamos de o conter? Se não for por timidez, não vejo motivo para não dizer amor, mostrar amor e ser amor para quem realmente amamos. E há tantas pessoas que passam pela nossa vida deixando e levando amor... Tanta gente que amamos, amámos ou amaremos de pleno coração. Tantas pessoas que enchem os nossos dias da certeza de sermos amados, que é, para mim, a base da felicidade. Porque não o dizemos?
Hoje, encontrei neste blog esta versão de uma canção eterna. Tudo se resume a esta pequena frase: "Se eu não te amasse tanto assim, talvez perdesse os sonhos dentro de mim e vivesse na escuridão..."
Por isso, a todos os que têm enchido a minha vida de luz e sonhos, saibam que tudo seria diferente se eu não vos amasse tanto. Porque o amor não pode ficar por dizer. Por mais que o vento leve as palavras, "amor" é das poucas que tem a capacidade de se gravar em nós para sempre. Contra ventos e marés.
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