5 de outubro de 2012

"Como se eu não fosse olhar!"

Já lá vão anos desde que a palavra "crise" entrou no meu vocabulário. Anos desde que à minha volta toda a gente, em algum momento, fala de Troika, de FMI, de resgate, de governos-ladrões, primeiros-ministros-mentirosos e sociedade-corrupta. Anos desde que ouço uns a atribuir culpas a outros. O povo a atribuir a culpa aos governos, os governos a atribuir a culpa aos governos anteriores (de outras cores, pois claro), o povo a atribuir-se a culpa a si próprio, uma geração a atribuir a culpa a outra e, no fim de contas, todos contra todos a remar para lados opostos.

Ainda assim, embora viva há anos neste contexto, não me lembro de ter escrito, alguma vez, sobre política e governação neste blog. Já lá vão quase 7 anos desde que inaugurei este espaço virtual e, apesar de tudo isto que me (nos) rodeia, nunca escrevi sobre política. Mas hoje é diferente. Hoje é dia 5 de Outubro e, no Portugal que eu amo, as celebrações são vedadas aos verdadeiros orquestradores da República: o povo. Hoje, só podem celebrar com as autoridades nacionais a implantação da República Portuguesa, que leva já 102 anos de vida, aqueles a quem o Estado decidiu convidar. Num regime republicano democrático, que se espera ser, por definição, um "sistema de governo cujo poder emana do povo", é vedada ao povo a participação na celebração oficial dessa conquista. E hoje, independentemente de qualquer crise, apetece-me dizer que tenho vergonha.

Porque eu até pertenço aos "privilegiados". Porque a mim me foi dada uma oportunidade fora de Portugal e pertenço ao grupo de privilegiados da minha idade que tem um ordenado ao final do mês e que sabe que o terá durante algum tempo, pelo menos (nem que esse tempo seja apenas um ano). Porque eu sou emigrante mais por opção do que por obrigação. Porque não sofro tanto na pele e na conta bancária a crise pela qual passamos e da qual parecem não nos querer tirar. Mas tenho família. E amigos. E um incontável número de pessoas que conheço em situações de sofrimento aos mais diversos níveis, muito por conta desta malfadada crise.

E por isso, hoje, 5 de Outubro de 2012, tenho vergonha da gente que se proclama governante do meu país. Continuo a amar e a orgulhar-me do Portugal das pessoas, do Portugal dos sorrisos acolhedores e dos braços abertos, do Portugal das paisagens maravilhosas, do Portugal onde nasci e cresci e me fiz o que sou hoje. Mas tenho vergonha, muita vergonha do Portugal onde tudo passa, onde ninguém é culpado, onde todos passam impunes e onde o "mexilhão" é sempre o mesmo. Do Portugal onde os governantes têm tanto medo do povo que nem lhe permitem celebrar, pela última vez nos próximos tempos, a implantação do regime cujo poder emana do povo.

Meu Deus, se já não nos podes livrar deste mal, pelo menos... Acorda Portugal!

21 de setembro de 2012

"Quase-irmã"

Nas famílias mais ou menos pequenas, como é a minha, todos somos "da casa". Ou seja, nunca somos realmente 4, quando penso em família para mim somos sempre 4+4+4+5+2. E, talvez por isso, os meus primos são talvez os "quase-irmãos" que (mais velhos ou mais novos) completam a parelha de "zecas" que somos lá em casa.

Hoje faz anos esta minha "quase-irmã-mais-velha", a prima de todas as horas e sobretudo aquelas em que conversámos até à exaustão já meias a dormir, aquelas em que nos rimos de coisas parvas e até aquelas em que chorámos juntas (não foram tantas como isso! :)). Foram muitos anos de fins-de-semana, férias, viagens e peripécias juntas, muitas confidências e histórias contadas e re-contadas, para nunca mais esquecer. São centenas, quiçá milhares de fotos que tirámos juntas e que andam espalhadas por álbuns e pastas de computador às vezes meio perdidas mas sempre recuperáveis. Por isso, porque nunca lhe tinha dedicado um espaço neste meu "canto" e porque o merece completamente, aqui fica a minha forma de dizer, não só, "Parabééééns" mas também obrigada. Por tudo... E que venham muitos mais anos de parvalheiras e memórias, porque há coisas que a distância não limita! :) 

11 de setembro de 2012

Espera(nça)

Preocupa-me quando as pessoas, em diferentes âmbitos da vida, perdem a esperança. Preocupa-me que alguém desista de um sonho, de um ideal, de uma visão de vida, de um futuro. Preocupa-me que alguém deixe de acreditar que pode tudo, tudo o que quiser de verdade. Porque, caramba, quando já não há esperança de algo melhor, diferente, mais próximo do que sonhámos... o que é que resta?

Porque todos temos direito àqueles dias em que achamos que já nada vai dar certo e que estamos "condenados" a viver abaixo das nossas próprias expectativas. Porque, convenhamos, obstáculos aparecem todos os dias e muitas vezes são mais do que podemos aguentar. Mas todos devíamos ter também direito a ter alguém que nos puxasse as orelhas, nos obrigasse a "acordar" e a reagir, a ir atrás, a sonhar, a não desistir, a acreditar. Alguém que nos relembrasse que, se quisermos, somos capazes de tudo e conseguimos o que quisermos. Porque para a fé e a determinação... não há limites.

«You may say I'm a dreamer, but I'm not the only one...»