20 de novembro de 2012

Norte.


O meu Pai acredita sempre em mim. Simplesmente, ele tem como garantido que eu vou ser capaz, porque acredita. Nunca duvida, nunca me diz que não é possível, o meu Pai apenas sabe que eu posso tudo. Realmente, às vezes, não posso, não consigo, não sou capaz. Mas o meu Pai também não dá demasiada importância a esses momentos, porque o caminho continua e “perder tempo” em algo que não saiu como esperávamos também não é algo que ele goste de fazer. O meu Pai é positivo de uma maneira meio estranha, mas é. E isso é importante.

O meu Pai faz de nós, as três mulheres da casa, as mais importantes. Mesmo que às vezes não diga, mesmo que às vezes não mostre, mesmo que às vezes nós não o entendamos. Mas eu sei que o meu Pai faz tudo, está em todo o lado e vai onde for preciso se alguma de nós apenas pedir. Porque, para ele, somos o mais importante. Ainda que de vez em quando o tenhamos que ler nas entrelinhas… mas eu leio. (e hoje quero que saibas que leio essas entrelinhas)

Não vou mentir – o meu Pai nem sempre compreende, nem sempre aceita, nem sempre tolera, nem sempre escuta. Mas eu também não. E, por isso, tantas vezes nos enfrentamos “de cabeça”, como se qualquer tema fosse a coisa mais importante do mundo… Quase nunca é. Mas se há alguém com quem não consigo deixar a meio uma discussão, é com o meu Pai. Nunca desistirei de lhe mostrar quem sou, como penso e como vivo, porque o aprendi dele. A não ter medo, a resistir, a levar a vida a peito, a fazer o que tiver de ser feito. Porque para o meu Pai tudo é importante, tudo é válido, tudo é merecedor de atenção.

O meu Pai tem, como creio que terão todos os bons pais, muito orgulho no que eu fui fazendo e conquistando nestes curtos 25 anos. E não é que eu tenha feito ou conseguido grandes coisas, mas para ele todas as pequenas coisas são importantes. E mesmo que não o diga sempre, eu sei. E vivo, todos os dias, para estar à altura desse orgulho. Mesmo quando discuto, mesmo quando protesto, mesmo quando não tenho razão, mesmo quando não tenho paciência. Porque, apesar de tudo isso, não quero desiludir o meu Pai. Porque preciso dele e de tudo o que ele me ensinou e ensina.

O meu Pai hoje faz anos e não o ia deixar ficar sem direito a este momento… Porque, ainda que ele às vezes ache que não, é nele que está um dos meus Nortes e, a cada momento, parte da minha alma parte ao seu encontro. Como hoje! :) Parabéns, Pai!


«Sabes que te llevo dentro mío, igual que yo sé que tu… me llevas dentro.»

5 de outubro de 2012

"Como se eu não fosse olhar!"

Já lá vão anos desde que a palavra "crise" entrou no meu vocabulário. Anos desde que à minha volta toda a gente, em algum momento, fala de Troika, de FMI, de resgate, de governos-ladrões, primeiros-ministros-mentirosos e sociedade-corrupta. Anos desde que ouço uns a atribuir culpas a outros. O povo a atribuir a culpa aos governos, os governos a atribuir a culpa aos governos anteriores (de outras cores, pois claro), o povo a atribuir-se a culpa a si próprio, uma geração a atribuir a culpa a outra e, no fim de contas, todos contra todos a remar para lados opostos.

Ainda assim, embora viva há anos neste contexto, não me lembro de ter escrito, alguma vez, sobre política e governação neste blog. Já lá vão quase 7 anos desde que inaugurei este espaço virtual e, apesar de tudo isto que me (nos) rodeia, nunca escrevi sobre política. Mas hoje é diferente. Hoje é dia 5 de Outubro e, no Portugal que eu amo, as celebrações são vedadas aos verdadeiros orquestradores da República: o povo. Hoje, só podem celebrar com as autoridades nacionais a implantação da República Portuguesa, que leva já 102 anos de vida, aqueles a quem o Estado decidiu convidar. Num regime republicano democrático, que se espera ser, por definição, um "sistema de governo cujo poder emana do povo", é vedada ao povo a participação na celebração oficial dessa conquista. E hoje, independentemente de qualquer crise, apetece-me dizer que tenho vergonha.

Porque eu até pertenço aos "privilegiados". Porque a mim me foi dada uma oportunidade fora de Portugal e pertenço ao grupo de privilegiados da minha idade que tem um ordenado ao final do mês e que sabe que o terá durante algum tempo, pelo menos (nem que esse tempo seja apenas um ano). Porque eu sou emigrante mais por opção do que por obrigação. Porque não sofro tanto na pele e na conta bancária a crise pela qual passamos e da qual parecem não nos querer tirar. Mas tenho família. E amigos. E um incontável número de pessoas que conheço em situações de sofrimento aos mais diversos níveis, muito por conta desta malfadada crise.

E por isso, hoje, 5 de Outubro de 2012, tenho vergonha da gente que se proclama governante do meu país. Continuo a amar e a orgulhar-me do Portugal das pessoas, do Portugal dos sorrisos acolhedores e dos braços abertos, do Portugal das paisagens maravilhosas, do Portugal onde nasci e cresci e me fiz o que sou hoje. Mas tenho vergonha, muita vergonha do Portugal onde tudo passa, onde ninguém é culpado, onde todos passam impunes e onde o "mexilhão" é sempre o mesmo. Do Portugal onde os governantes têm tanto medo do povo que nem lhe permitem celebrar, pela última vez nos próximos tempos, a implantação do regime cujo poder emana do povo.

Meu Deus, se já não nos podes livrar deste mal, pelo menos... Acorda Portugal!

21 de setembro de 2012

"Quase-irmã"

Nas famílias mais ou menos pequenas, como é a minha, todos somos "da casa". Ou seja, nunca somos realmente 4, quando penso em família para mim somos sempre 4+4+4+5+2. E, talvez por isso, os meus primos são talvez os "quase-irmãos" que (mais velhos ou mais novos) completam a parelha de "zecas" que somos lá em casa.

Hoje faz anos esta minha "quase-irmã-mais-velha", a prima de todas as horas e sobretudo aquelas em que conversámos até à exaustão já meias a dormir, aquelas em que nos rimos de coisas parvas e até aquelas em que chorámos juntas (não foram tantas como isso! :)). Foram muitos anos de fins-de-semana, férias, viagens e peripécias juntas, muitas confidências e histórias contadas e re-contadas, para nunca mais esquecer. São centenas, quiçá milhares de fotos que tirámos juntas e que andam espalhadas por álbuns e pastas de computador às vezes meio perdidas mas sempre recuperáveis. Por isso, porque nunca lhe tinha dedicado um espaço neste meu "canto" e porque o merece completamente, aqui fica a minha forma de dizer, não só, "Parabééééns" mas também obrigada. Por tudo... E que venham muitos mais anos de parvalheiras e memórias, porque há coisas que a distância não limita! :)