Quero ensinar-te os nomes das coisas,
virar tudo do avesso e inventar palavras,
só nossas.
Palavras que sussurremos às escondidas como segredos,
que servem apenas para desvendar outros maiores,
os do mundo.
Quero ensinar-te os nomes das pessoas,
mostrar-te que todas elas valem por si próprias,
únicas e sós.
Sós até que alguém como tu as encontre
e lhes peça para aprender novas palavras,
só vossas.
Quero ensinar-te o nome do mundo,
imenso e distinto em todo o seu esplendor,
completo.
Para que te lembres sempre que as palavras são armas
e que tudo tem o seu nome, mesmo que seja inventado,
mas nosso.
Quero ensinar-te que os nomes são dignidade.
Quero ensinar-te a amar cada nome, cada coisa, cada pessoa.
[05.05.15]
19 de janeiro de 2016
14 de janeiro de 2016
Coração florido
Cresci num tempo em que se banalizou a palavra amor. Dizia-se "amor" por tudo e por nada, a uma quantidade razoável de pessoas nas nossas vidas. Os mais velhos olhavam-nos como se aquela simples palavra, usada como substantivo ou como verbo, conjugada nas mais variadas pessoas, fosse um tesouro precioso, um vinho "reserva" que só se bebe nos "dias especiais" (sim, essas garrafas que todos acabamos por herdar de pais e avós que nunca consideraram um dia suficientemente especial para esse vinho). Olhavam-nos como se estivéssemos a desperdiçar amor, a gastar a palavra e o sentimento, a esgotar uma fonte invisível.
Eu, no entanto, que nem era tão habitual no uso da palavra, sempre pensei como era egoísta essa histórica e tradicional contenção do amor. Se nesse momento da nossa vida, nessa circunstância particular, é amor o que sentimos pela(s) pessoa(s) que temos à nossa frente, porque haveríamos de o conter? Se não for por timidez, não vejo motivo para não dizer amor, mostrar amor e ser amor para quem realmente amamos. E há tantas pessoas que passam pela nossa vida deixando e levando amor... Tanta gente que amamos, amámos ou amaremos de pleno coração. Tantas pessoas que enchem os nossos dias da certeza de sermos amados, que é, para mim, a base da felicidade. Porque não o dizemos?
Hoje, encontrei neste blog esta versão de uma canção eterna. Tudo se resume a esta pequena frase: "Se eu não te amasse tanto assim, talvez perdesse os sonhos dentro de mim e vivesse na escuridão..."
Por isso, a todos os que têm enchido a minha vida de luz e sonhos, saibam que tudo seria diferente se eu não vos amasse tanto. Porque o amor não pode ficar por dizer. Por mais que o vento leve as palavras, "amor" é das poucas que tem a capacidade de se gravar em nós para sempre. Contra ventos e marés.
5 de janeiro de 2016
London love.
Faz hoje cinco anos.
Cheguei à cidade sonhada numa tarde-noite cinzenta, de chuviscos leves, como que a lembrar-me que às vezes os "clichés" também marcam presença no nosso dia-a-dia, para garantir que o mundo continua a girar na direcção habitual. Chovia em Londres mas em mim o sol era intenso, luminoso, ardente. Anos antes, em passeio, tinha prometido a mim mesma, olhos postos no horizonte atrás de St James Park e de Buckingham Palace, que um dia havia de viver naquela cidade que me conquistou. Faz hoje cinco anos, esse foi o dia.
Tenho saudades de Londres quase todos os dias. Deixei naquela mágica amálgama de ruas uma parte muito importante do meu coração. Gravei naquelas paredes, naquelas calçadas, o meu nome e a minha alma. Londres não se lembrará de mim, uma mera habitante passageira, mas eu jamais esquecerei aqueles seis meses de sonho. Ainda hoje não consigo explicar o que me une àquele lugar, mas continuo a sentir que hei-de regressar. Muitas vezes.
Fui incrivelmente feliz naqueles seis meses. Conheci pessoas maravilhosas, que ainda hoje tenho o privilégio de poder abraçar, de vez em quando, quando os complexos caminhos da vida nos voltam a reunir aqui ou ali. Conheci lugares mágicos, recantos escondidos, cores únicas, sons perfeitos. Trago nos meus passos o mapa dos caminhos que percorri, com a certeza que voltar a andar por ali me trará lágrimas aos olhos.
Faz hoje cinco anos, parece que foi ontem, quem sabe se não será "amanhã".
Thank you so much, my dear, my beloved, eternal capital of my heart.
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