28 de novembro de 2014

Castelos de cartas

Hoje estou triste.

Tenho andado aqui às voltas a pensar em como chamar exactamente a este sentimento. Não estou surpreendida, não estou desiludida, não estou zangada, não estou sequer revoltada (que é um sentimento bem mais comum em mim pelo mesmo motivo). Não. Hoje estou triste. Profundamente magoada por palavras falsas de quem nada sabe sobre mim. Não sou nem nunca serei perfeita e cometo muitos erros, todos os dias. Mas hoje estou triste porque fui erroneamente avaliada (e quem sabe se efectivamente prejudicada) por números e palavras que nascem de "certezas intelectuais" (como diria a minha mãe) de quem, da vida real de todos os dias, nada sabe. Como é fácil atirar culpas, encontrar bodes expiatórios entre os degraus mais baixos da "cadeia alimentar". Como é fácil criticar. Como é fácil avaliar. Como é fácil destruir. Tudo o que levamos anos para construir pode ser desfeito num instante. Uma auto-estima, por exemplo! Uma noção de confiança em nós mesmos, uma esperança num amanhã mais justo. Convenço-me que sou mais forte e que não me deixarei vencer mas não é fácil. Convenço-me que não sou quem me pintam.

Mas hoje estou triste.

21 de novembro de 2014

Persiste. Até quando?

Já levei tantas chapadas que pensei que já não ia doer. Já fui tantas vezes atirada ao chão que achei que tinha de deixar de doer em algum momento. E continuo a perguntar "para quê". Se a vida me dá tantos sinais, porque insisto em achar que eu é que tenho razão, que o meu projecto é que está certo, que o caminho por onde quero ir é o meu? Se erguer a cabeça, levantar-me do chão e recomeçar se torna cada dia mais difícil, porque é que insisto? Porque é que hei-de ter eu razão?

Não somos os mesmos no fim de uma guerra e sobretudo quando de todas as batalhas saímos derrotados. Mudamos. Tornamo-nos, muitas vezes, pessoas que não gostamos de ser. E talvez seja mais corajoso desistir de perder e conformarmo-nos com um caminho que, não sendo o que sonhámos, talvez seja o que temos de aceitar. Porque nem tudo vale a pena, mesmo quando a alma não é pequena.

9 de novembro de 2014

Luz nueva.

Me sorprendió la luz de la mañana.
Llenó los espacios y ocupó las ideas,
consumió los tiempos inútiles y vacíos,
inundó de calor lo que era triste.

Era nueva para mí esta luz.
No porque viviera antes en la oscuridad,
sino porque era nuevo su brillo,
nueva su intensidad, nueva su magia.

Me sorprendió la luz de la mañana.
Y era sencilla, pura, espontánea,
iluminando espacios nuevos,
abriendo puertas hace mucho cerradas.

Por momentos creí que desaparecería,
que sería solamente otro engaño del alma
y que se iría, sorprendentemente, como había llegado.
Pero, una vez más,

me sorprendió la luz de la mañana
y se quedó. Descubriéndonos.


[7.11.14]