18 de janeiro de 2013

A saudade é cinzenta.

Porque, mesmo sendo felizes, os dias cinzentos continuam a existir e hoje é um deles. Por fora e, sobretudo, por dentro.

Ainda alguém me há-de explicar porque raio temos de ter saudades. Parabéns avô, mesmo com a chuva que hoje cai dentro de mim, mesmo com todas estas saudades. Ainda que se me encham de lágrimas os olhos por ainda recordar a tua voz, como se fosse ontem.
"Cai chuva do céu cinzento 
Que não tem razão de ser. 
Até o meu pensamento 
Tem chuva nele a escorrer.

Tenho uma grande tristeza 
Acrescentada à que sinto. 
Quero dizer-ma mas pesa 
O quanto comigo minto.

Porque verdadeiramente 
Não sei se estou triste ou não, 
E a chuva cai levemente 
(Porque Verlaine consente) 
Dentro do meu coração."

[Fernando Pessoa]
(o poema fui buscá-lo ao blog da minha querida amiga Catarina, sempre inspiradora.)

17 de janeiro de 2013

Tudo o que quero.

No início de um novo ano cheio de horas por viver, oportunidades, desafios e, muito provavelmente, algumas inevitáveis derrotas, uma amiga perguntou-me "afinal, o que é ser feliz?"

Não sei se o temos sempre assim tão claro, porque há dias cinzentos e nuvens escuras, porque há horas de desespero e momentos de dor. Mas penso que ser feliz é ter a sensação que, aqui e agora, temos tudo o que necessitamos, tudo o que queremos. E ainda que pensemos que falta sempre alguma coisa, que isso não nos impeça de nos sentir felizes.

Para todas as pessoas que amo e com quem é sempre um prazer iniciar um ano novo, esta letra perfeita do David.

«How wonderful to see you here, my love
The whole world happens when you’re near, my love
(...) You were all that i wanted, all that I needed»

18 de dezembro de 2012

Sete.

No meu poema, existem versos soltos, brancos, vazios, coloridos, cheios, perdidos, determinados, insignificantes, desmedidos, tímidos, descontrolados, meus. Existe o meu ser forte e, sobretudo, o meu ser fraca. Existem, ou coexistem, o meu passado e o meu futuro. As minhas desilusões amarradas à terra e os meus sonhos com vontade de voar.

No meu poema existe uma rara e sã loucura dos dias brilhantes, que convive com a dor pequenina mas intensa, que fala do fundo de mim, nos dias escuros. Existe a coragem de gritar que nem tudo é como se merece e um pequeno rio que corre por dentro, no silêncio, porque merecer não chega. Existe um canto a uma só voz, uníssona, reflexo de tantos que cantam comigo o caminho a percorrer.

No meu poema, que raras vezes é poético, existem incontáveis passos inquietos, existem incontáveis horas de noite e de cansaço, mas também a luta de resistir até vencer ou adormecer. Porque no meu poema, neste poema que tenho vindo a escrever, há apenas um destino: a esperança do futuro.


[Sete anos de Abrigo mereciam algo especial...]