21 de novembro de 2014

Persiste. Até quando?

Já levei tantas chapadas que pensei que já não ia doer. Já fui tantas vezes atirada ao chão que achei que tinha de deixar de doer em algum momento. E continuo a perguntar "para quê". Se a vida me dá tantos sinais, porque insisto em achar que eu é que tenho razão, que o meu projecto é que está certo, que o caminho por onde quero ir é o meu? Se erguer a cabeça, levantar-me do chão e recomeçar se torna cada dia mais difícil, porque é que insisto? Porque é que hei-de ter eu razão?

Não somos os mesmos no fim de uma guerra e sobretudo quando de todas as batalhas saímos derrotados. Mudamos. Tornamo-nos, muitas vezes, pessoas que não gostamos de ser. E talvez seja mais corajoso desistir de perder e conformarmo-nos com um caminho que, não sendo o que sonhámos, talvez seja o que temos de aceitar. Porque nem tudo vale a pena, mesmo quando a alma não é pequena.

9 de novembro de 2014

Luz nueva.

Me sorprendió la luz de la mañana.
Llenó los espacios y ocupó las ideas,
consumió los tiempos inútiles y vacíos,
inundó de calor lo que era triste.

Era nueva para mí esta luz.
No porque viviera antes en la oscuridad,
sino porque era nuevo su brillo,
nueva su intensidad, nueva su magia.

Me sorprendió la luz de la mañana.
Y era sencilla, pura, espontánea,
iluminando espacios nuevos,
abriendo puertas hace mucho cerradas.

Por momentos creí que desaparecería,
que sería solamente otro engaño del alma
y que se iría, sorprendentemente, como había llegado.
Pero, una vez más,

me sorprendió la luz de la mañana
y se quedó. Descubriéndonos.


[7.11.14]

31 de outubro de 2014

Há tempo.

No teu jardim
a vida avança mais lenta,
com mais tempo para olhar
e ver. Sem pressa.
As árvores que envelhecem,
as folhas que caem,
a erva que não se cansa de ser verde
e de, verde, alegrar o teu jardim.

Aqui os ramos altos rasgam o céu
e tudo é verde sobre azul, sem pressa.
O caminhar é tranquilo,
ao som das folhas que estalam, secas, sob os meus pés.
No teu jardim há tempo
e o tempo é o seu maior tesouro.
Como se crescesse nas árvores,
como se fosse meu para colher.

Cheira a paz neste lugar,
será difícil guardá-la assim?
Sem mais, sem complicar o que ela é,
sem a fazer utopia lá distante, inalcançável.
Respiro fundo porque há tempo,
fecho os olhos porque há tempo,
adormeço porque há tempo
no teu jardim.

[26.10.14]